Serviços

Consulta do Sono – Diagnóstico

  • Consulta de recolha de informação sobre a situação em causa e devolução de   estratégias combinadas com os pais, para que autonomamente apliquem em casa

Consulta do Sono – Acompanhamento

  • Consulta de recolha de informação sobre como se encontra a situação actual e,

    em caso de necessidade, ajustar ou reforçar as estratégias

Consulta do Sono – Domicílio

  • Deslocação da psicóloga a casa dos pais após consulta de diagnóstico, quando o técnico ou  os  pais  sentirem  essa  necessidade, para observação da interacção pais-bebé,  melhor   compreensão  do  problema   em  causa  e  implementação conjunta com os pais do plano definido

Sessões de acompanhamento ao recém nascido

  • Sessões com a psicóloga, na clínica ou em domicílio, para dar apoio aos pais e sugerir estratégias, no sentido de compreender os sinais do bebé e ajudar os pais a responder de forma adequada ao choro, permitindo assim uma parentalidade mais segura

Consulta de psicologia da criança

Workshops

AS SESTAS – como ajudar o seu filho a dormir mais e melhor durante o dia

         Quanto tempo deve o meu filho dormir durante o dia? Como faço para que durma mais e melhor durante as sestas? Estas são perguntas que muitas vezes ouvimos em consulta. Nem sempre é fácil perceber quais as sestas adequadas à idade e ao bebé. Muitos pais sentem que o seu filho dorme pouco tempo durante o dia, no entanto não sabem como fazê-lo dormir mais. Procuram ajuda porque percebem que o bebé anda cansado, e os pais ficam desgovernados com a instabilidade dos dias.
De facto, é importante que os bebés durmam bem durante o dia para que estejam bem dispostos, com maior disponibilidade para aprender e para que durmam bem durante a noite. Um bebé tranquilo e descansado vai ter maior facilidade em adormecer e manter o sono. Já é frustrante ter um bebé que só dorme 30 minutos durante o dia, mas a situação piora quando depois disso está rabugento e com pouca tolerância.

Deixamos aqui algumas dicas que podem ajudar a contornar esta situação:
– Garanta que o espaço onde o bebé está a dormir é adequado. À medida que o bebé vai crescendo, vai desenvolvendo capacidades que alteram também as suas necessidades. Isto é, um recém-nascido tem a capacidade de adormecer, e manter o sono, em quase qualquer sítio. Seja na sala de casa, num restaurante ou num jardim. Por outro lado, um bebé com 4 meses já pode precisar de um ambiente mais resguardado para o fazer. Pode precisar de estar no escuro, de estar num ambiente calmo e silencioso ou mesmo de fazer a sesta na cama onde dorme à noite para dormir melhor. Cada bebé é um bebé por isso é importante estar atento para perceber os sinais e adaptar o ambiente às necessidades do seu bebé.
– Estabeleça uma rotina, com horários das sestas. Se eles tiverem consistência, em relação a horários, condições para dormir, e até na rotina de deitar, aprendem a dormir mais e melhor. As crianças gostam de previsibilidade no dia-a-dia, dá-lhes segurança. É certo que a rotina deve ser adequada à idade e ao bebé e vai sendo alterada consoante as necessidades. Não esquecer que deve sempre respeitar os sinais de sono do bebé. Se o seu filho mostra estar cansado antes da hora que estipulou para a sesta, não espere para o pôr a dormir.
– Cuidado com os bebés extremamente cansados. Muita atenção aos sinais que os bebés vão dando de que estão com sono. Um bebé extremamente cansado pode ser confundido com um bebé cheio de energia, irrequieto, rabugento. Se o bebé for posto a dormir já demasiado cansado terá mais dificuldade em adormecer, e poderá acordar durante a própria sesta, não dormindo o suficiente.
– Explique ao bebé que é hora de ir dormir. É importante que o bebé perceba que são horas de ir dormir, para que aprenda também o que deve fazer neste momento. Os pais, ou cuidadores, na altura em que o bebé mostra sono devem ajudá-lo a acalmar e explicarem que vai dormir. Peguem no bebé, mudem para o espaço onde é suposto ele fazer a sesta, legendem o que está a acontecer, fazendo tudo com calma e de uma forma suave para ajudar o bebé a entrar num ambiente tranquilo e propício a adormecer.
– Perceber como está o bebé quando acorda da sesta. Se o seu filho acorda de uma sesta a chorar, é tirado da cama e passado pouco tempo está a bocejar, é provável que não tenha dormido o suficiente. Se sabe que dormiu pouco mas por alguma razão acordou a meio da sesta, ajude-o a voltar a adormecer. Acalme-o, fique ao pé dele se for preciso. Quando um bebé acorda não quer dizer que dormiu tudo o que precisava, apenas alguma coisa o fez despertar, e pode então precisar da ajuda dos pais para voltar a adormecer, principalmente os bebés mais pequenos.

     E o mais importante, esteja atento aos sinais do seu filho. É muito importante compreender e respeitar os sinais do bebé e os seus padrões de sono. Perceber os sinais de cansaço e não deixar o bebé chegar a um estado de exaustão, é fundamental para a qualidade do sono.

Qual é o problema da chucha afinal?

Desde que apareceram as chuchas no mercado que se iniciou logo uma discussão à volta da utilidade e benefício deste objecto para os bebés. De facto é mais um assunto relacionado com os filhos que os pais podem ter várias opiniões contraditórias, todas elas fundamentadas. A nossa será mais uma.

Sabemos que o reflexo de sucção é um movimento inato, que ninguém ensina aos bebés como fazê-lo. Alguns pais têm até a sorte de ver o seu filho a chuchar no dedo enquanto fazem uma ecografia. De facto, os bebés nascem a aprender a chuchar, e mais que isso, a ter prazer ao fazê-lo.

Quando nos perguntam se devem ou não dar a chucha tentamos sempre decidir isso em conjunto com os pais, isto é, primeiro o importante é percebermos porque precisa o bebé da chucha.

Uma regra importante é que deve ser dada apenas depois de os pais garantirem que o bebé aprendeu a pegar bem na maminha, pois a introdução da chucha nestes primeiros dias pode de facto prejudicar a aprendizagem, tendo em conta que a pega é diferente. Para fazer uma boa pega na maminha da mãe o bebé precisa de abrir mais a boca para que consiga extrair leite suficiente. Se tiver já habituado a chuchar na chucha pode ir com a mesma técnica para o peito da mãe e acabar por beber pouco leite. Naturalmente vai ficar com mais fome, deixar os pais ansiosos, e provoca uma diminuição da saída de leite, que causará desconforto ou mesmo dores à mãe.

Então não devem usar chucha? Não será esta a nossa resposta. Porque ao não darmos chucha a maior parte dos bebés vai aprender a fazê-lo no dedo, que a longo prazo causará mais malefícios para o bebé.
A chucha é um objecto que o acalma, e consequentemente, acalma os pais… há mal nisso? O nosso interesse é o bem-estar de toda a família, sem obviamente prejudicar ninguém. O importante será então aprender a dar a chucha, nas alturas em que são necessárias e beneficiam o bebé.

Neste sentido torna-se muito importante que os pais sejam capazes de interpretar os vários choros (pedidos de ajuda), para que a chucha não seja apenas dada para o calar, mas sim para o sossegar, depois de serem atendidas as suas necessidades. Se isto for ignorado, e a chucha for dada para calar o bebé ele pode tornar-se frustrado por não ser ajudado, e aprender a desistir dos seus objectivos, pois não são acudidos.
A chucha deve ser um objecto que serve para os momentos em que o bebé está a ficar com sono. Ao lhe ser oferecida a chucha nestas alturas do dia, indica ao bebé que é hora de ir dormir. O bebé aprende que este objecto serve como um aconchego para entrar no sono. Para além de o ajudar a acalmar, a chucha cria autonomia, no sentido em que o ajuda a adormecer sozinho.

No entanto, a chucha não deve ser um substituto dos pais. Não deve nunca ser um substituto de afecto, mas sim apenas um objecto para relaxar. Se o bebé está a chorar e precisa de ser acalmado, a prioridade é sempre o colo, mimo, afecto dos pais. Serve então como um complemento, que o ajuda a ficar mais tranquilo, pronto para adormecer.

Se for dada então nestas alturas o bebé aprende a fazer esta associação. Este trabalho feito pelos pais irá depois mais tarde ajudar quando for a altura do bebé se desfazer deste objecto. Como aprendeu que serve apenas para adormecer, mais facilmente o substitui por um outro objecto na altura de ir dormir, se assim precisar.

Como saber se o seu filho tem pesadelos ou terrores nocturnos?

É muito comum surgir esta dúvida quando uma criança acorda a meio da noite assustada. Afinal o que tem ela? São de facto dois distúrbios do sono distintos. Têm definições diferentes e formas de agir também distintas.

Um Terror Nocturno caracteriza-se por comportamentos agressivos enquanto a criança está a dormir. Surge normalmente a partir dos dois anos e no início da noite, enquanto a criança está em sono profundo. Os pais assustam-se porque ela grita, esperneia, levanta-se sem a clara noção de onde está nem quem são os pais. Parece que está possuída, que está a lutar com alguém e afasta quem a tentar acalmar. O papel dos pais será então apenas garantir que a criança não se magoa. Poderão também tentar acalmá-la com o diálogo, falando com uma voz tranquila. Entrar na ficção relatada pela criança dando-lhe um desfecho mais agradável, como por exemplo, dizer que apareceu uma princesa, um rei, ou outra personagem que a criança aprecie, que mandou os maus embora e que foram todos dormir. Se a criança tiver algum comportamento agressivo com os pais não deve ser repreendida. Pois ela não está consciente do que está a fazer, está apenas a tentar defender-se da personagem que lhe está a fazer mal. No dia seguinte não é aconselhável os pais abordarem este assunto, pois a criança não terá memória do que aconteceu, e só vai servir para ela ficar envergonhada e não para terminar com estes episódios.

Por outro lado, um pesadelo caracteriza-se por comportamentos mais conscientes, tendo em conta que a criança está acordada ao pedir ajuda. Surge por volta dos três anos e mais perto da madrugada. A criança acorda com o sonho, fica assustada, chama normalmente os pais e reconhece-os quando entram no quarto. Neste caso os pais devem mostrar compreensão e dar muito mimo para a acalmar. É também importante que tenham o papel de desmistificar o que a criança viveu, explicar que foi um sonho, e não é a realidade. Se necessário, fazer uma vistoria ao quarto para garantir que as personagens que viu enquanto estava a dormir não existem, e seja capaz de libertar esse medo. No dia seguinte devem falar sobre o que aconteceu. Relembrar a criança do que viveu para que seja assimilada a ideia de que foi um sonho. Os pais devem mostrar que o quarto é um lugar seguro, e que se trata apenas de um episódio que não é real.
Este distúrbio é um factor protector que as crianças utilizam inconscientemente para descarregar sentimentos de ódio, raiva, destruição e ansiedade. Surge como uma descarga emocional de alguma coisa que experenciou durante o dia, quando estava acordada. No entanto, quando este comportamento se torna muito recorrente, é um sinal de que a criança não está bem, emocionalmente. Alterações na rotina podem desencadear este distúrbio, como uma mudança de casa ou de escola, o nascimento de um irmão, ausência dos pais ou a morte de alguém próximo. Outro factor desencadeante é a actividade que a criança desenvolveu na hora antes de ir para a cama. Ver televisão deve ser evitado neste período. A hora de ir dormir deve ser tranquila, de muito afecto e com imagens positivas para a criança.
Qualquer criança que atravesse um período com pesadelos frequentes deve ser vista por um psicólogo, para que seja identificada a origem que os desencadeia e tratada convenientemente.

Os efeitos da privação de sono

Todas sabemos o que é ter o sono interrompido e passar noites seguidas mal dormidas! A diferença aqui prende-se com a inevitabilidade deste acontecimento.
Quando temos um recém nascido, não há de facto muito a fazer se não aceitar que ele precisa de ser alimentado várias vezes durante a noite. No entanto, à medida que ele vai adquirindo diferentes aptidões, espera-se que uma delas seja conseguir dormir mais horas seguidas. Se isto não acontece e os meses passam sem conseguir dormir, e as noites são pouco relaxantes, tanto para o bebé como para os pais, esta situação pode tornar-se alarmante.

Embora usemos esta expressão de forma leviana, a privação de sono é de facto um método de tortura usado há muitos anos. É utilizado para desenvolver alterações psicológicas, para encorajar a vitima a perder o sentido da realidade e acabar por falar. A privação do sono pode originar prejuízos cognitivos, raiva, irritabilidade, ansiedade ou ainda psicoses. Embora este último cenário seja o menos comum, torna-se sem dúvida, perigoso. Uma mãe sem dormir pode desenvolver uma depressão ou stress pós traumático. A falta de sono apresenta-se como um factor que desencadeia doenças bastante graves.

A definição de privação de sono aplica-se tanto a uma noite isolada, em que não fomos capazes de descansar durante um número razoável de horas seguidas, assim como a casos mais graves de vários dias, meses ou ainda anos, em que o sono é constantemente interrompido. Qualquer um dos casos é preocupante, na medida em que apresenta sempre um efeito significativo sobre a nossa saúde mental. São várias as pesquisas que demonstram que a falta de sono causa ansiedade. Embora seja expectável que nos primeiros meses com um bebé em casa surjam dúvidas e oscilações de humor, o facto de os pais não descansarem agudiza substancialmente o estado psicológico de ambos. É natural que os pais sintam preocupações com o desenvolvimento do seu filho, mas este estado de cansaço aumenta os sentimentos de culpa, de ansiedade, de raiva e incapacidade de responder tão adequadamente às necessidades do bebé.

Os pais saem da maternidade com um bebé que ainda não conhecem, mas que precisa de ser mantido vivo, precisa de aprender a alimentar-se, precisa que os pais estejam aptos para satisfazer todas as suas necessidades. Aliado a este desafio está o cansaço de dias cheios de muitas emoções, de muitas dúvidas, e de noites mal dormidas.

Recordemo-nos que existem culturas que defendem que o único papel da mãe nos primeiros meses é alimentar e estar com o seu bebé. Quando o bebé dorme também a mãe tem a obrigação de o fazer. Todas as outras tarefas são entregues ao pai e aos restantes familiares. O nosso cenário é bastante diferente. Espera-se que rapidamente a mãe volte ao seu ritmo normal, trate das necessidades da casa, volte ao peso que tinha antes do parto, e esteja sempre disposta para receber as inúmeras visitas. A importância da sua saúde física e emocional é normalmente ignorada.

No entanto, esta deveria ser a fase em que a mãe está apenas destinada a cuidar do seu filho, a aprender a conhecê-lo, e, tão importante como tudo isto, a ter tempo para descansar. É do senso comum que o bebé precisa da mãe, mas precisa também que ela esteja tranquila e relaxada para ser capaz de o perceber, de estar com paciência para as vezes que ele chora, que ele acorda à noite para comer, ou mesmo para dar colo.

É natural que tenhamos dúvidas se estamos a criar bem o nosso filho, se sabemos interpretar o seu choro ou mesmo se o estamos a alimentar adequadamente. São dúvidas que todas sentimos. No entanto, também sabemos que se não descansamos o suficiente estas ansiedades aumentam, a nossa capacidade de raciocínio diminui assim como a nossa paciência.

Por todas estas razões é importante estarmos conscientes da necessidade de boas noites de sono. Não é sinal de fraqueza pedir ajuda, seja ao companheiro, a familiares ou a técnicos especializados. Pelo contrário, é sinal de humildade e de vontade de sermos melhores mães para os nossos filhos.
Enquanto psicólogas, acreditamos que há sempre ajustamentos que podem ser feitos para melhorar a qualidade do sono de uma criança quando este não é contínuo. Toda a rotina deve ser tida em conta e, juntamente com os pais, melhorar os aspectos que devem ser alterados, para assim permitir que a criança durma tranquilamente as horas de que precisa. E, consequentemente, os pais possam também eles descansar para evitar as consequências da privação do sono.