O que é que um bebé quer fazer quando está acordado?

É quando está acordado que o bebé conhece o outro, a si mesmo e o mundo. É quando está acordado que estabelece as relações essenciais para o seu desenvolvimento afectivo, que vão determinar a sua capacidade de amar e de se relacionar ao longo da sua vida. É quando está acordado que experimenta e explora o mundo, e apesar de sabermos a importância que o sono tem para o desenvolvimento do bebé, também é quando está acordado que este se desenvolve física, cognitiva e emocionalmente.

Chamamos ao tempo em que o bebé está acordado tempo de actividade. E muitas vezes quando falamos em actividade as mães perguntam o que fazer com um bebé tão pequenino. Aqui ficam algumas sugestões de como aproveitar ao máximo este tempo com o seu filho…

Como dissemos anteriormente, chamamos actividade do bebé a todo o tempo que este passa acordado. Ou seja, a tomar banho, trocar a fralda, vestir, receber uma massagem, conversar, estar no colo, no tapete, na espreguiçadeira, enfim, todo o tempo em que o bebé não está a dormir nem a comer é considerado tempo de actividade. Num bebé recém-nascido este tempo activo é mais curto mas vai aumentando gradualmente ao longo do crescimento.

 O que fazer então nesta altura?

Em primeiro lugar, dê colo! Dê mimo, e dê mais colo! O toque é essencial para o bebé, fá-lo sentir-se amado, protegido, seguro. Estabelecer este vínculo afectivo com a mãe e com o pai é fundamental para o desenvolvimento do bebé, especialmente nestes primeiros anos de vida.

Converse com ele, fale, cante, legende o seu dia-a-dia. É muito bom para o bebé ouvir a voz dos pais, que ele reconhece e lhe transmite segurança. Não só é securizante ouvir a voz, como também é importante para o bebé começar a associar sons com rotinas, palavras com actos, o que traz alguma previsibilidade para o seu dia e que acaba por trazer segurança no mundo e no outro. Além da segurança, o legendar o dia desenvolve a linguagem, e nesta altura da vida a potencialidade para aprender línguas está no seu expoente máximo.

Tente não tornar as tarefas automáticas, ou seja, ao trocar 8 fraldas por dia podemos ter tendência para o fazer sem pensar e quase de modo automático, sem conversa, sem contacto. Tente não deixar que isto aconteça e fale com o seu bebé enquanto faz as tarefas rotineiras do dia-a-dia nos primeiros tempos, tornando-as em momentos bons a dois e não em momentos monótonos e desprovidos de relação.

Na actividade na criança já é um momento mais claro para os pais. Mas não diz só respeito à actividade física ou ao ar livre. É também importante lembrarmo-nos da estimulação intelectual e da socialização.

Uma criança precisa de brincar para se desenvolver. Destruir e construir, imaginar, ser criativo, sujar-se, correr, gastar energias, conversar, explorar livremente espaços novos, estar com outras crianças, outros adultos.

Respeite os interesses do seu filho e mostre-lhe interesse pelos mesmos. Converse com ele sobre as coisas que gosta, questione-o, deixe ser ele a escolher e a guiar a brincadeira. Muitas vezes não é preciso um brinquedo, qualquer coisa serve para imaginar e criar uma brincadeira nova.

No nosso dia-a-dia é difícil concentrarmo-nos totalmente e desligar do trabalho e das tarefas domésticas. Tente arranjar um momento no seu dia e sente-se com ele no tapete e brinque sem distracções, sem telemóveis, sem conversas paralelas. Faça com que ele sinta que está focado nele. Que é o vosso momento.

Mas não se esqueça que também é importante deixá-lo estar sozinho, brincar sozinho, explorar e descobrir sozinho. As crianças precisam de autonomia e confiança para explorar o mundo sozinhas. Respeite o espaço dele.

Faça jogos adequados ao seu desenvolvimento que o estimulem intelectualmente. Não o force a brincar ou jogar. Torne essas alturas divertidas e não momentos de stress ou avaliação. É importante que elogie o esforço do seu filho, e não só as conquistas. Ele precisa de ser reconhecido por tentar e não só quando consegue. As conquistas vão-se alcançando com a idade, não exija demais.

E mais uma vez não se esqueça da importância do colo, da conversa, do mimo, do toque. É imprescindível dizer-lhe e mostrar-lhe o quanto gosta dele. Um vínculo afectivo seguro e forte é essencial para um bom desenvolvimento emocional, cognitivo e comportamental. Estes primeiros anos de vida são determinantes na capacidade de amar e de se relacionar no futuro.

Efeitos da privação do sono

Todas sabemos o que é ter o sono interrompido e passar noites seguidas mal dormidas! A diferença aqui prende-se com a inevitabilidade deste acontecimento.

Quando temos um recém nascido, não há de facto muito a fazer se não aceitar que ele precisa de ser alimentado várias vezes durante a noite. No entanto, à medida que ele vai adquirindo diferentes aptidões, espera-se que uma delas seja conseguir dormir mais horas seguidas. Se isto não acontece e os meses passam sem conseguir dormir, e as noites são pouco relaxantes, tanto para o bebé como para os pais, esta situação pode tornar-se alarmante.

Embora usemos esta expressão de forma leviana, a privação de sono é de facto um método de tortura usado há muitos anos. É utilizado para desenvolver alterações psicológicas, para encorajar a vitima a perder o sentido da realidade e acabar por falar. A privação do sono pode originar prejuízos cognitivos, raiva, irritabilidade, ansiedade ou ainda psicoses. Embora este último cenário seja o menos comum, torna-se sem dúvida, perigoso. Uma mãe sem dormir pode desenvolver uma depressão ou stress pós traumático. A falta de sono apresenta-se como um factor que desencadeia doenças bastante graves.

A definição de privação de sono aplica-se tanto a uma noite isolada, em que não fomos capazes de descansar durante um número razoável de horas seguidas, assim como a casos mais graves de vários dias, meses ou ainda anos, em que o sono é constantemente interrompido. Qualquer um dos casos é preocupante, na medida em que apresenta sempre um efeito significativo sobre a nossa saúde mental. São várias as pesquisas que demonstram que a falta de sono causa ansiedade. Embora seja expectável que nos primeiros meses com um bebé em casa surjam dúvidas e oscilações de humor, o facto de os pais não descansarem agudiza substancialmente o estado psicológico de ambos. É natural que os pais sintam preocupações com o desenvolvimento do seu filho, mas este estado de cansaço aumenta os sentimentos de culpa, de ansiedade, de raiva e incapacidade de responder tão adequadamente às necessidades do bebé.

Os pais saem da maternidade com um bebé que ainda não conhecem, mas que precisa de ser mantido vivo, precisa de aprender a alimentar-se, precisa que os pais estejam aptos para satisfazer todas as suas necessidades. Aliado a este desafio está o cansaço de dias cheios de muitas emoções, de muitas dúvidas, e de noites mal dormidas.

Recordemo-nos que existem culturas que defendem que o único papel da mãe nos primeiros meses é alimentar e estar com o seu bebé. Quando o bebé dorme também a mãe tem a obrigação de o fazer. Todas as outras tarefas são entregues ao pai e aos restantes familiares. O nosso cenário é bastante diferente. Espera-se que rapidamente a mãe volte ao seu ritmo normal, trate das necessidades da casa, volte ao peso que tinha antes do parto, e esteja sempre disposta para receber as inúmeras visitas. A importância da sua saúde física e emocional é normalmente ignorada.

No entanto, esta deveria ser a fase em que a mãe está apenas destinada a cuidar do seu filho, a aprender a conhecê-lo, e, tão importante como tudo isto, a ter tempo para descansar. É do senso comum que o bebé precisa da mãe, mas precisa também que ela esteja tranquila e relaxada para ser capaz de o perceber, de estar com paciência para as vezes que ele chora, que ele acorda à noite para comer, ou mesmo para dar colo.

É natural que tenhamos dúvidas se estamos a criar bem o nosso filho, se sabemos interpretar o seu choro ou mesmo se o estamos a alimentar adequadamente. São dúvidas que todas sentimos. No entanto, também sabemos que se não descansamos o suficiente estas ansiedades aumentam, a nossa capacidade de raciocínio diminui assim como a nossa paciência.

Por todas estas razões é importante estarmos conscientes da necessidade de boas noites de sono. Não é sinal de fraqueza pedir ajuda, seja ao companheiro, a familiares ou a técnicos especializados. Pelo contrário, é sinal de humildade e de vontade de sermos melhores mães para os nossos filhos.

Enquanto psicólogas, acreditamos que há sempre ajustamentos que podem ser feitos para melhorar a qualidade do sono de uma criança quando este não é contínuo. Toda a rotina deve ser tida em conta e, juntamente com os pais, melhorar os aspectos que devem ser alterados, para assim permitir que a criança durma tranquilamente as horas de que precisa. E, consequentemente, os pais possam também eles descansar para evitar as consequências da privação do sono.

Será normal?

 

 

     A primeira pergunta de muitos pais quando chegam à consulta é: “isto é normal?” Muitas vezes com o sentimento de culpa escondido “será que fiz alguma coisa mal?”.

   Do sentimento de culpa tão omnipresente na vida de uma mãe falaremos mais tarde. É um assunto muito delicado e com muito para dizer. Por agora vamos dedicar-nos à pergunta “será normal?” e a nossa resposta é: se sente que é normal e não a preocupa, então está tudo bem, se por algum motivo está preocupada, então vamos tentar ajudá-la a resolver essa preocupação.

   É normal um bebé acordar a meio da noite? É normal ainda mamar com tantos meses? É normal chorar só porque quer colo? É normal…. ? Não há vivências anormais, cada bebé e cada família são únicos, e como tal, cada vivência/experiência de paternidade e maternidade também é única.

   Certamente existem padrões, e se procurarmos bem até encontramos tabelas com estatísticas com as horas de sono que um bebé deve dormir e quando deve dormir e a que idade deve passar para uma só sesta e muito mais tabelas e medidas. Mas a verdade é que cada bebé e cada família tem a sua normalidade. Não nos devemos guiar pelos outros e pelas tabelas. Isso fará com que muitas vezes as expectativas não estejam ajustadas ao seu bebé e daí haver muita preocupação e muitas ansiedades desnecessárias. Cada pai e cada mãe conhece o seu bebé melhor do que ninguém. Conhece a sua linguagem, sabe identificar e decifrar os seus sinais.

   Por isso pais, esqueçam as expectativas, não comparem os vossos filhos com o que dizem as tabelas. Deixem o bebé comunicar as suas necessidades e vontades. É muito importante estar atento ao bebé, saber ouvi-lo, conhecer os seus sinais. E quando sentirem que não é normal, ou que para vocês uma situação é um problema, mesmo que para outros não seja, aí sim procurem ajuda sem medo do julgamento.

 

Como gerir as férias com um bebé

     Aproximam-se aí uns bons dias para aproveitarmos para estar em família e sair da nossa rotina. Sim! Porque tal como é necessário existir uma rotina, é igualmente importante poder quebrá-la.

    É certo que um bebé precisa de estabilidade para estar tranquilo e equilibrado, mas isto não quer dizer que os pais não podem sair de casa e aproveitar também eles para mudar de ambiente. Para isso deixamos aqui alguns conselhos de como o podem fazer com o bebé, respeitando o bem-estar de todos.

1. Planeie bem o horário em que vai viajar. Se o seu filho dorme bem no carro aproveite uma das sestas para fazer a viagem. Se pelo contrário não consegue adormecer no carro, o melhor será entrarem no carro logo que ele acordar de uma sesta, altura em que à partida estará mais bem disposto.

2. Tente manter a rotina habitual do bebé o mais próximo possível. Não é, mais uma vez, estarem todos fechados em casa, mas antecipe as necessidades do seu filho e proporcione tudo o que ele precisa para estar confortável e estranhar o menos possível. Por exemplo, se estão a passear e o bebé demonstra sinais de cansaço, arranje condições para que ele consiga adormecer. Traga consigo os objectos com que ele costuma dormir (chucha, fralda, almofada) para que perceba que pode adormecer e estranhe o menos possível. Tenha o cuidado de ir vendo que ele dorme aproximadamente o mesmo tempo que costuma dormir durante as sestas e durante a noite.

3. A rotina de deitar à noite deve ser igual ao que acontece nos outros dias em casa. Mesmo que seja num quarto diferente, mantenha os vossos hábitos. Ajude-o a acalmar, tenha presente os objectos que ele costuma utilizar em casa, explique-lhe com as mesmas palavras que costuma utilizar que são horas de ir dormir, e faça tudo isto de forma calma e tranquila.

4. Atenção à alimentação do bebé. Não deixe passar os horários habituais das diferentes refeições. Se ele ficar com muita fome, fica mais impaciente tanto para comer como para dormir. Por vezes é necessário ainda antecipar os horários normais. Se forem para um local com sol, vento, muito ar livre, é o suficiente para abrir ainda mais o apetite do bebé. Poderá ter que aumentar as doses habituais das refeições.

5. Oriente o bebé de forma consistente. Mesmo alterando o seu espaço físico, se o bebé sentir os pais pacientes e compreensivos facilmente também ele se acalma e se sente seguro. Ajude-o a sentir-se tranquilo, para que adormeça e faça um bom sono reparador, para todos assim poderem usufruir das férias.

     O mais importante é os pais também conseguirem relaxar e tirar o maior proveito das férias. Este tempo deve servir para estarem todos juntos e usufruírem disso mesmo. Se o bebé estiver muito destabilizado, e com um comportamento diferente do habitual não se incomode demasiado. Certamente surgirão imprevistos, tente ser paciente e compreensivo com estas alterações. Foque-se na sua família e no bom que é estarem juntos. Todos merecem férias!

     Apesar de tudo, não se preocupe! Se o bebé tem já uma boa rotina estabelecida, mesmo que a altere durante os dias em que estão fora, quando regressa para o seu ambiente, passado uns dias volta aos seus horários habituais. Quando voltam a casa os pais devem implementar as rotinas que antes tinham estabelecido, para que o bebé volte a estar regulado. Pode demorar alguns dias, no entanto, com persistência, o bebé adquire tudo novamente. 

Como equilibrar os ritmos do bebé

Quando os pais nos procuram a pedir ajuda com os filhos começam, na maior parte das vezes, por falar em dificuldades do sono. No entanto, acreditamos numa explicação mais holística para estas dificuldades. Dormir é de facto uma interacção complexa entre factores, e, por esta razão, é preciso analisar também todo o tempo em que a criança está acordada.

Para que o descanso nocturno seja sereno, o dia da criança deve ser completo nestes cinco factores: Amor, Divertimento, Alimentação, Exercício e Estimulação Intelectual.

Amor: este é sem dúvida o mais importante. Se uma criança não recebeu afecto suficiente ao longo do dia, acorda durante a noite à procura dele. Uma criança precisa de beijos e abraços, precisa de atenção, precisa de se sentir amada para estar segura. O toque dos pais constrói confiança, reduz o stress e a dor, aumenta a auto-estima. Mesmo com os nossos dias agitados, cheios de preocupações, é importante que encontremos espaço para de facto estarmos com os nossos filhos. 

Divertimento: as crianças aprendem e crescem enquanto brincam. Se não tiverem oportunidade para  explorar, fazer disparates, serem eles próprios e agir de acordo com a idade, não se vão desenvolver de uma forma tão harmoniosa. É importante que tenham espaço para rir, brincar e interagir com os pais mas também com outras pessoas.

Alimentação: embora pareça óbvio que uma criança precisa de estar bem alimentada, muitas vezes não nos apercebemos como isto influencia o comportamento dela, tanto de dia como de noite. Uma criança precisa de ingerir calorias suficientes para se manter saudável e com um bom desenvolvimento. Se sentir fome terá dificuldade em estar bem disposta durante o dia, terá dificuldades em adormecer assim como em manter o sono, ou acordará mais cedo do que deveria. Para além da subnutrição existem outras causas que prejudicam o bem estar da criança, como alergias ou intolerâncias alimentares, problemas digestivos, refluxo, dores abdominais ou obstipação. 

Exercício: qualquer criança precisa de gastar energia, de ar puro, de se cansar. Se não houver esta libertação nas alturas certas, poderá ficar mais impaciente. É certo que existem crianças mais calmas e que preferem actividades mais tranquilas, no entanto, todas elas têm necessidade de actividades físicas, de libertarem toda a energia que acumularam durante o dia para descansar e repor essas energias durante a noite.  

Estimulação Intelectual: as crianças são naturalmente curiosas sobre o mundo que as rodeia. São ávidas de conhecimento e compreensão. Gostam de mexer nas coisas, construir conceitos e perceber como funcionam. De um modo geral, a partir de determinada idade, não querem estar sentadas a ouvir palestras. Preferem ter uma oportunidade para usar as suas imensas capacidades cerebrais e descobrir novidades. Não tome como certo que são pequenas, não percebem as coisas ou que não se interessam. Descubra quais são os interesses de cada criança e aprofunde-os. Um dia pouco estimulante e desinteressante para uma criança pode provocar impaciência e frustração que prejudicará tudo o resto.

Qualquer criança é extremamente complexa e única. Estas são apenas linhas orientadoras para melhor perceber as necessidades do seu filho. Ao satisfazer estas vontades descritas, irá actuar preventivamente sobre algumas causas das dificuldades do sono e, acima de tudo, construir uma relação de confiança, amor e sintonia entre si e o seu filho.

Conquistando esta sintonia com o seu bebé, conhecendo-o e respondendo de forma adequada às suas necessidades, desenvolve nele um equilíbrio e uma consistência essenciais no seu dia-a-dia.

O bebé extremamente cansado

Este é um alerta para todos os pais. É, sem dúvida, um estado que quer evitar no seu filho.

Um bebé extremamente cansado não consegue adormecer, chora demasiado para o fazer e, quando parece que finalmente vai descansar, acorda passado pouco tempo. 

Por estas razões, é importante que os pais consigam reconhecer os primeiros sinais do seu filho quando este lhes mostra que precisa de ir dormir.

Cada bebé tem uma janela de tempo em que dá sinais de sono. Começa com movimentos tranquilos e que chamam pouco à atenção, no entanto, se não for posto a dormir nesta fase, esses sinais começam a aumentar o volume e torna-se cada vez mais difícil para o bebé acalmar e fechar os olhos. Quando atinge um cansaço extremo, o seu organismo está de tal maneira exausto que activa respostas próprias para lidar com este stress. Nesta fase o seu organismo liberta hormonas, como o cortisol e a adrenalina, que tornam ainda mais difícil a capacidade de acalmar e descansar. Neste momento o bebé entra num padrão cíclico, ou seja, quanto mais cansado está, mais difícil é adormecer, o que o deixa ainda mais cansado.

Este fenómeno surge quando o bebé está acordado mais tempo do que devia, seja entre sestas durante o dia, ou na hora de ir para a cama à noite.

Para evitar este caos, é essencial que cada pai ou mãe esteja atento aos sinais que o seu filho vai dando.

É certo que cada bebé tem a sua maneira de comunicar e, por isso, cada pai precisa de aprender a conhecer o seu filho, de identificar na sua linguagem corporal o que ele lhe está a querer dizer. No entanto, existem alguns sinais de cansaço que aparecem progressivamente e são comuns à maioria dos bebés:

– esfregar os olhos, as orelhas, ou mesmo a cara

– virar a cara para o lado oposto do estimulo que o estava a distrair

– bocejar, soluçar, ou espirrar com frequência

– choramingar e mexer o corpo, que vai aumentando consoante o cansaço, por vezes parece que está muito energético e sem sono

– não querer ser deixado no chão, ou mesmo na cama, pedindo sempre o colo

Se o bebé já entrou nesta espiral de cansaço extremo, a primeira coisa a fazer é confortá-lo e fazer com que diminua os níveis de stress. Só deverá ser posto na cama quando já estiver novamente tranquilo e pronto para adormecer.

Pegue-o ao colo, abrace-o, cante uma música calma, e ajude-o a voltar a ter uma respiração pausada. Pode pô-lo junto ao seu peito e respirar tranquilamente para que o bebé sinta e imite o ciclo respiratório.

O ideal é agir preventivamente. Os pais devem aprender a conhecer os sinais do seu bebé para que consigam dar uma resposta adequada na altura certa, ou seja, deitá-lo para dormir quando começa a ficar cansado e com sono e não quando já entrou num estado de exaustão.

Ajude o seu bebé a distinguir o dia da noite

Sabia que a maioria dos bebés quando nasce não tem os ritmos de sono adaptados à realidade e precisa de ajuda para distinguir o dia da noite?

A verdade é que dentro da barriga da mãe não existem horas para dormir ou para comer, há sempre barulho de fundo, seja de dia ou de noite, aconchego e embalo não faltam e, num dia muito emocionante, o máximo que o bebé pode ver é o cordão umbilical a passar-lhe à frente. Como podemos ver, o útero não é um ambiente muito estimulante, pelo contrário, embala, acalma e promove o sono.

Esta falta de horas e de estímulos leva a que, quando o bebé nasça, não saiba distinguir dia e noite. Pelo contrario, o recém nascido está preparado para comer e dormir em ciclos iguais durante o dia e durante a noite.

É importante ensinar ao bebé que o dia é luminoso e estimulante, e a noite é mais escura e silenciosa, convidando a dormir.

Para que o bebé aprenda a regular este ciclo pode precisar da ajuda dos pais.

Quando o bebé acorda de manhã, entre as 7h e as 8h, acenda a luz ou abra a janela de maneira a que ele perceba que o dia chegou. Enquanto estiver a dar o biberon ou a amamentar, converse com ele e mantenha-o acordado. Mude-lhe a fralda e troque o pijama para roupa de dia.

Se, depois de ele estar alimentado, o bebé não mostrar sinais de sono, mantenha-o activo. Converse com ele, cante, brinque, dentro do esperado para a idade, e dê-lhe muito muito mimo.

Saia de casa, mostre-lhe a luz do dia, passeie… se estiver num dia em que é impossível sair de casa, abra as janela e deixe a luz do dia entrar.

Certamente que não podemos ignorar as sestas durante o dia, nem que o bebé deve sempre ser posto a dormir aos primeiros sinais de cansaço. Contudo, estas sestas devem ser em intervalos mais curtos, para evitar que faça a maior parte do seu sono seguido durante o dia. Não deve deixar o bebé dormir muitas horas seguidas, nem estar muito tempo sem comer. Para as sestas durante o dia, não precisa de pôr a casa totalmente silenciosa nem escura.

No final do dia escolha uma hora e uma rotina e mantenha-a de forma a que o bebé perceba que a noite chegou. Dê-lhe banho e troque a roupa para pijama, faça uma massagem ou cante uma musica, mude o tom de voz para uma voz mais calma, dê-lhe de mamar ou o biberon no quarto onde o vai deitar, use todos os dias as mesmas expressões, indicando que são horas de ir para a cama, de modo a que as associe à hora de ir dormir. Todo este ritual deve ser feito num ambiente pouco estimulante, com a luz mais baixa e mais silencioso. Esta hora deve ser tranquila para os pais, assim como para o bebé.

Durante a noite, sempre que tiver que amamentar ou dar biberon ao seu bebé, tente manter as luzes o mais escuras possível e não fazer muito barulho, de forma a não despertar muito o bebé.

Estas estratégias vão ajudar o bebé a perceber que o sono do dia e da noite são diferentes. Ao fim de 6/8 semanas os ritmos do bebé começam a estar adaptados ao ciclo normal dia e noite. De dia dorme por períodos mais curtos, e que não tem que ser no seu quarto ou no escuro para o fazer. À noite então, está num quarto mais sossegado e, tal como ele, as restantes pessoas da casa também estão a descansar.

Dicas para minimizar a angústia de separação no bebé

O que é a angustia de separação

Se o seu bebé chora quando algum dos pais sai da sala, já não gosta de ir ao colo de outras pessoas ou começou a acordar durante a noite, pode ser o principio da angústia de separação.

A partir dos 7 ou 8 meses o bebé já é capaz de identificar as pessoas que conhece melhor e, como consequência, sentir-se-á mais ligado à mãe e ao pai. Neste sentido, a ansiedade de separação é de facto um bom sinal. Indica que o bebé está a criar uma ligação segura e, acima de tudo, saudável com os seus pais.

Este sentimento, de ansiedade e abandono, aparece quando se afasta das figuras de vinculação, principalmente da mãe. Nesta fase o bebé ainda não tem presente a noção de que quando alguém sai do seu campo de visão irá voltar. É importante que o bebé ganhe confiança nos pais e perceba que, apesar de estarem longe, não o abandonaram.

Quando o bebé entra nesta fase de angústia de separação pode notar que ele começa a agarrar-se a si e a chorar antes de o deixar com outro adulto, como uma avó ou outra cuidadora, ou na hora de fazer uma sesta ou de ir para a cama à noite. Este fenómeno pode surgir de um dia para outro. O bebé está adaptado e, de repente está a soluçar ou aterrorizado com a ideia de deixar os pais.

A angustia de separação pode ainda surgir quando a mãe volta ao trabalho ou quando os pais começam a deixar o bebé numa creche ou com outra pessoa que irá cuidar dele durante o dia.

Angustia de separação e o sono

Embora seja uma fase expectável do desenvolvimento do bebé e não ser motivo para preocupação, pode por vezes estar associada a problemas no sono.

O bebé pode ter mais dificuldade em adormecer ou acordar mais vezes a meio da noite, mesmo que já fizesse uma noite completa sem despertares. Isto acontece porque o bebé não se quer separar da mãe na hora de ir para a cama ou, ao acordar, precisa de a ver para se sentir seguro e voltar a adormecer.

 A angústia de separação é considerada a maior causa envolvida nas regressões do sono em bebés de 8/9 e 10 meses.

Dicas para lidar com a angustia de separação

Deixamos aqui algumas dicas, que ajudarão o seu bebé a sentir-se seguro e a ultrapassar esta fase da melhor maneira possível:

Mime-o : Ponha-se ao nível do bebé e conforte-o com abraços e beijinhos, principalmente antes de ir para a cama. Se ele acordar durante a noite a pedir atenção, conforte-o até ficar tranquilo. Está a ensina-lo que está perto e que o ajuda quando ele precisa. No entanto, estas interacções devem ser curtas. Não é hora para ler historias ou cantar. Mal o bebé esteja confortável outra vez deixe o quarto, para que não crie também um mau hábito.

Brinque com ele: Jogue ao cu-cu , desapareça do campo de visão do bebé e volte a aparecer. É muito importante para o bebé perceber que os objectos, assim como as pessoas, vão e voltam.

Dê-lhe tranquilidade e segurança:  Responda ao choro do bebé duma maneira tranquila e relaxada. Atenção ao seu tom de voz, não reflicta o pânico da criança. Se os pais, figuras de segurança, parecem preocupados e ansiosos estão a confirmar que, de facto, a separação é assustadora, e que o bebé tem razões para sentir medo. Por outro lado, se os pais estiverem relaxados e confiantes, vão ajudar o bebé a sentir-se assim também.

Treine ausências curtas: Saia do campo de visão do bebé por curtos períodos de tempo, mas continue a falar com ele. Trabalhe com ele a noção de permanência do objecto, ou seja, mesmo quando ele não vê o objecto, ou a pessoa, aprende que ainda existe e que pode voltar.

Quando sair de casa despeça-se sempre: Peça a alguém que leve o bebé à porta, diga-lhe adeus e explique onde vai e que volta mais tarde. É importante que ele confie que os pais saem e que voltam, e essencialmente disse-lhe a verdade quando foi embora. Se sair sem se despedir, vai criar a ideia de que basta olhar para o lado ou distrair-se que a mãe pode desaparecer.

Mantenha diariamente uma rotina antes de o deitar: para além de o ajudar a relaxar na hora de ir para a cama, também lhe proporciona a consistência e previsibilidade que o bebé precisa para se sentir seguro para adormecer.

Objecto de Transição: Deixe o bebé escolher um objecto, pode ser um pano, um boneco, uma fralda, qualquer coisa que o acalme e que lhe dê segurança nos momentos em que precisa, como na hora de deitar, na ida para a creche, etc.

Um bebé NÃO chora porque sim!

     Quantas não são as vezes em que ouvimos alguém dizer “O meu filho chora o dia todo”, “Ela já está cheia de manhas e só sabe chorar”, “Este bebé é dos chatos, chora sem razão”? Embora seja verdade que há bebés que choram mais que outros, não é verdade que não há nada a fazer. Se um bebé chora, quer dizer alguma coisa aos pais.

     Quando o bebé estava dentro da barriga da mãe tinha todas as suas necessidades satisfeitas no momento. Quando queria comer comia, a quantidade que lhe apetecia. Quando precisava de dormir podia fazê-lo facilmente. Tinha todo o mimo e aconchego ao longo do dia. Nesta fase o bebé não precisava de pedir, porque tudo estava ao seu alcance. Quando vem para este mundo, enorme e confuso, tudo muda. O bebé tem que aprender a pedir o que quer. E é aqui que surgem as dúvidas… Nos primeiros tempos torna-se difícil para os pais perceberem o que quer o bebé naquele momento. Porque chora?!

      Uma coisa é certa, não chora porque sim!

    Existem muitas razões para fazer um bebé chorar, algumas nem nos passam pela cabeça. A primeira de que nos lembramos sempre é a fome. Mas nem sempre é. Um bebé também chora porque tem sono, porque está cansado do que está a ver, porque tem frio, ou mesmo porque tem uma etiqueta a incomodá-lo.  

     Mais importante ainda é lembrarmo-nos que o bebé também chora porque quer colo! Não é manha, não é mimo a mais, é sim porque quer e precisa de afecto. Mais uma vez, lembremo-nos que ele passou nove meses sempre aconchegado pela mãe, a ouvi-la e a senti-la a toda a hora. 

     Esta acaba por ser uma das razões que levam os pais ao desespero… sentir cansaço e frustração é perfeitamente normal, principalmente nos primeiros meses em que estamos a conhecer o bebé. Por vezes é difícil compreendê-lo, decifrar o que nos está a dizer, porque é que nos está a falar… Mas chorar é a forma inata que os bebés têm para chamar os pais e pedir ajuda. Um dos desafios desta fase será os pais aprenderem também que sinais são esses que o bebé esta a dar.